Vendas do Tesouro Direto caem 16,6% em outubro

As vendas de títulos públicos a pessoas físicas pela internet somaram R$ 5,65 bilhões em outubro, divulgou nesta sexta-feira (29) o Tesouro Nacional. Em relação a setembro, as vendas caíram 16,6%, mas subiram 69,8% em relação a outubro do ano passado, atingindo o melhor nível para o mês desde a criação do programa, em 2002.

O principal fator que contribuiu para o volume de vendas foi o interesse de títulos corrigidos pela Taxa Selic (juros básicos da economia). Além do aumento da demanda por esses papéis, houve o vencimento de títulos que foram trocados por papéis novos. Em outubro, as vendas de títulos atrelados à Selic totalizaram R$ 2,52 bilhões. Os resgates, somados os vencimentos e as recompras, totalizaram R$ 1,99 bilhão.

Os títulos mais procurados pelos investidores em outubro foram os vinculados aos juros básicos, cuja participação nas vendas somou 44,6%. Os papéis corrigidos pela inflação (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA), corresponderam a 38,1% do total, enquanto os prefixados, com juros definidos no momento da emissão, totalizaram 12,4%.

Destinados ao financiamento de aposentadorias, o Tesouro Renda+, lançado no início de 2023, respondeu por 3,7% das vendas. Criado em setembro do ano passado, o novo título Tesouro Educa+, que pretende financiar uma poupança para o ensino superior, atraiu apenas 1,2% das vendas.

O interesse por papéis vinculados aos juros básicos é justificado pelo alto nível daSelic. A taxa, que estava em 10,5% ao ano até outubro, foi elevada para 11,25% ao ano. Com a expectativa de novas altas, os papéis continuam atrativos. Os títulos vinculados à inflação também têm atraído os investidores por causa da expectativa de alta da inflação oficial nos próximos meses.

O estoque total do Tesouro Direto alcançou R$ 147,04 bilhões no fim de outubro, alta de 2,73% em relação ao mês anterior (R$ 143,12 bilhões), mas alta de 17,66% em relação a outubro do ano passado (R$ 123,36 bilhões). Essa alta ocorreu porque as vendas superaram os resgates em R$ 2,53 bilhões no último mês.

Investidores

Em relação ao número de investidores, 320.183 participantes se cadastraram no programa no mês passado. O número total de investidores atingiu 30.235.353, superando a marca de 30 milhões pela primeira vez na história. Nos últimos 12 meses, o número de investidores acumula alta de 15,4%. O total de investidores ativos (com operações em aberto) chegou a 2.698.426, aumento de 11,2% em 12 meses.

A utilização do Tesouro Direto por pequenos investidores pode ser observada pelo considerável número de vendas de até R$ 5 mil, que correspondeu a 80,7% do total de 782.713 operações de vendas ocorridas em outubro. Só as aplicações de até R$ 1 mil representaram 56,3%. O valor médio por operação atingiu R$ 7.215,21.

Os investidores estão preferindo papéis de curto prazo. As vendas de títulos de até cinco anos representam 68,2% do total. As operações com prazo entre cinco e dez anos correspondem a 9,4% do total. Os papéis de mais de dez anos de prazo representaram 22,4% das vendas.

O balanço completo do Tesouro Direto está disponível na página do Tesouro Transparente.

Captação de recursos

O Tesouro Direto foi criado em janeiro de 2002 para popularizar esse tipo de aplicação e permitir que pessoas físicas pudessem adquirir títulos públicos diretamente do Tesouro Nacional, via internet, sem intermediação de agentes financeiros. O aplicador só precisa pagar uma taxa semestral para a B3, a bolsa de valores brasileira, que tem a custódia dos títulos. Mais informações podem ser obtidas no site do Tesouro Direto.

A venda de títulos é uma das formas que o governo tem de captar recursos para pagar dívidas e honrar compromissos. Em troca, o Tesouro Nacional se compromete a devolver o valor com um adicional que pode variar de acordo com a Selic, índices de inflação, câmbio ou uma taxa definida antecipadamente no caso dos papéis pré-fixados.