Maioria dos grandes estúdios de games já usa IA para substituir devs
Embora a adoção de ferramentas de inteligência artificial seja muito criticada por profissionais e fãs de games, fato é que ela já se tornou comum entre as grandes empresas que atuam no mercado. Uma reportagem publicada pela Wired mostra que, na maioria dos casos, ferramentas como o Midjourney e o Stable Diffusion já são usadas para “cortar atalhos” e compensar demissões em equipes.
O veículo teve acesso a vários e-mails internos de companhias como a Activision e entrevistou vários artistas e designers, que contribuíram de forma anônima para não arriscar seus trabalhos. Segundo eles, o processo de adoção da inteligência artificial vem sendo empurrado por executivos e, geralmente, acontece de forma pouco transparente.
A reportagem afirma que, enquanto inicialmente a Activision prometeu que as ferramentas só seriam usadas para criar imagens de uso interno, logo sua liderança rompeu essa restrição. No final de 2023, ela começou a lançar cosméticos produzidos inteiramente com recursos generativos em games como Call of Duty: Modern Warfare 3.
IA contribuiu para demissões na indústria de games
Apesar das promessas públicas de empresas como a Electronic Arts, que afirmaram que a IA serve para complementar o trabalho de profissionais, na prática eles estão sendo substituídos pela tecnologia. “Por que contratar um bando de artistas conceituais e designers caros quando você pode pegar um diretor de arte e dar algumas direções ruins a uma IA e conseguir coisas que são boas o suficiente, muito rapidamente — e ter alguns artistas para limpar isso?”, afirma um dos desenvolvedores entrevistados.
Até o momento, os profissionais da indústria que mais foram impactados são artistas conceituais, designers gráficos e ilustradores — cujos trabalhos, em muitos casos, alimentaram as ferramentas que os deixaram sem empregos. No entanto, áreas como animação 3D e programação ainda parecem seguras, dada a dificuldade de automatizá-las totalmente.
A reportagem afirma que questões como violação de direitos autorais até são mencionadas por alguns estúdios, mas muitos continuam usando a IA em seus games apesar disso. Para Karla Ortiz, artista que trabalha em projetos pontuais, atualmente há uma divisão clara entre estúdios que já abraçaram a tecnologia para cortar custos e outros que se opõem totalmente a ela.
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Um exemplo do segundo caso seria a Blizzard que, apesar de não usar ferramentas externas, está treinando uma solução interna para gerar artes conceituais. Uma pesquisa da CVL Economics afirma que o estúdio deve virar uma exceção em um mercado no qual a IA deve ser usada em mais da metade dos games que serão lançados entre 5 a 10 anos — e os empregos continuarão sumindo durante esse intervalo.
Fonte: Wired